quinta-feira, 1 de novembro de 2012

"Salvador Maltrata Seus Pedestres"

Créditos Autorais 
Reproduzido de: Correio da Bahia 


Carlos Leite e Sérgio Magalhães participaram do primeiro seminário do Agenda Bahia



Urbanista diz que Salvador maltrata seus pedestres
Salvador não trata bem os pedestres soteropolitanos. Assim como acontece com a maior parte das grandes metrópoles mundiais, a capital baiana cresceu priorizando os carros, com largas avenidas e passeios estreitos, construções grandiosas, mas que não servem para construir uma boa convivência entre os moradores.
Segundo o arquiteto e urbanista Carlos Leite, especialista em Cidades Inteligentes, que falou sobre os desafios do século 21 para os grandes centros urbanos, as pessoas precisam se encontrar nos espaços públicos para poder fazer desenvolver uma cidade.
“Não há mais espaço para essas grandes avenidas e rodovias que sequer têm passeio público. Eu tive de brigar com o motorista para poder vir do hotel até aqui a pé”, disse o urbanista, provocando risos na plateia do auditório da Fieb.
De acordo com o especialista, esse pensamento acaba expulsando os moradores dos espaços públicos. “São as pessoas que desenvolvem uma cidade”, disse. Ele criticou a atuação exagerada, em alguns casos, de órgãos como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em cidades com muitas construções históricas, como Salvador.
“A gente sempre escuta não como resposta. Mas, se você congela essa cidade, ela morre. As cidades são organismos vivos, onde corre sangue, corre gente. Se você tentar fazer alguma coisa no Centro Histórico de Salvador vão dizer que não pode”, disse.
Para Carlos Leite, o modelo atual, do século 20, da expansão, está esgotado. O especialista defendeu a reinvenção através da inclusão das metrópoles. 


“Por que o Vale do Silício, nos Estados Unidos, e Barcelona deram certo? Porque as pessoas se encontram. É do encontro que sai tudo”, avalia. Para o urbanista, é necessário mapear estratégias metropolitanas de inteligências sistêmicas.

Chega de expandir as cidades, defende especialista
O grande desafio dos urbanistas e governantes do século 21 é dotar as cidades de infraestrutura plena, sem permitir que  continuem expandindo a sua área.
Em resumo, foi esta a tese defendida pelo presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil, Sérgio Magalhães, em sua apresentação, ontem, no  Agenda Bahia, sobre o tema A Cidade Brasileira:Território ou Serviço?

Ex-secretário de Habitação do Rio de Janeiro, Magalhães defende o adensamento das áreas urbanas, única maneira eficaz, a seu ver, de enfrentar o passivo socioambiental  das cidades, promover a universalização dos serviços públicos e disponibilizar a infraestrutura existente a todos os cidadãos.
Ele se baseia na constatação de que a população brasileira  vem crescendo menos e prevê que, dentre em breve, o país alcançará a estabilidade demográfica, inclusive nas grandes cidades. Assim, a saída para os problemas urbanos não passaria pela expansão territorial - pelo contrário, as cidades deveriam se tornar mais compactas, para que todas as suas áreas pudessem se beneficiar, por igual, das infraestruturas implantadas.

Além disso, Magalhães observa que é preciso reconhecer e valorizar as condições ambientais e culturais preexistentes. Em outras palavras, é necessário qualificar o que já existe, integrando ao restante da cidade, e não criar novas áreas que, enquanto fazem surgir novas demandas, contribuem para ampliar a degradação das zonas urbanas mais antigas. 
“O modelo da expansão que tem sido praticada até aqui não vai contribuir para melhorar a sustentabilidade, a mobilidade e as relações sociais”, advertiu, acrescentando que as cidades “não podem continuar sendo predadoras de território”.
Na sua opinião, somente com áreas urbanas mais compactas será possível universalizar plenamente os serviços públicos e reduzir o passivo ambiental, sem esquecer a condição primeira e essencial das cidades: a de um lugar de interação social por excelência. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O seu comentário é muito importante. Obrigado