Créditos Autorais
Texto e Imagem:Wilson Menezes
Quando não
existirem mais calçadas nem canteiros, por onde passarão os carros? Inicialmente,
esta sentença pode perecer sem sentido, apenas uma metáfora. Mas, pelo andar da
carruagem, ou melhor, pelo crescimento da frota de veículos, em um futuro muito
próximo, a população terá que discutir essa questão do mesmo modo como hoje discutimos a mobilidade nos centros urbanos. Nos últimos anos, o espaço
destinado ao deslocamento de pessoas a pé está sendo reduzido para a ampliação
de áreas de circulação de veículos automotores.
Em Salvador,
muitos canteiros centrais já não existem mais, outros foram reduzidos ou transformados
em guias divisórias de pista de rolamento. Árvores centenárias são erradicadas por
estarem na rota das novas vias de trânsito. Os velhos rios que cortam
a cidade são vistos como córregos e se tornaram esgotos ao logo dos anos. Atualmente,
muitos desses rios estão sufocados sob grandes lajes de concretos, lastro da
propagada mobilidade urbana.
Mobilidade, um termo reformulado para o século XXI, tornou-se a palavra
chave para os problemas gerados pelo adensamento das vias urbanas. Trânsito,
fluxo viário, acessibilidade, tráfego etc. agora, para muitas pessoas, tudo
isso é mobilidade urbana. Contudo, esse processo para resgatar a mobilidade
humana, perdida com a chegada dos veículos automotores, pode ser visto, popularmente
falando, como um ato de enxugar gelo em virtude do aumento da frota de veículos
no território brasileiro.
A frota
nacional de veículos automotores cresceu mais de 100% nos últimos dez anos. Os
dados do DENATRAN mostram que, no ano 2000, o Brasil possuía, aproximadamente,
30 milhões de veículos. Em abril de 2012, alcançou 72,3 milhões, destes 40,6
milhões são automóveis de passeio. Contudo, cerca de 67,6 milhões de domicílios
foram visitados pelos recenseadores do IBGE, nos 5.565 municípios brasileiros, através
dos quais foi constatado um crescimento de 12,5% da população brasileira, nesse
mesmo intervalo de tempo. O censo mostra ainda que 84% da população estão nos
grandes centros urbanos.
Se o crescimento da frota se mantiver no mesmo ritmo atual, as intervenções
feitas para solucionar as demandas da falta de mobilidade terão poucos tempo de validade e todo o caos retornará, caso tenha chegado a desaparecer.
Em um determinado momento, a sociedade vai entender que, talvez, a solução para a mobilidade urbana não esteja na deformação do meio ambiente, mas na mudança do modo e dos meios como o homem moderno se locomove e pensa.
Em um determinado momento, a sociedade vai entender que, talvez, a solução para a mobilidade urbana não esteja na deformação do meio ambiente, mas na mudança do modo e dos meios como o homem moderno se locomove e pensa.
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