Créditos Autorais
Texto: Wilson Menezes
Imagem: Google
Texto: Wilson Menezes
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Aumentam a cada dia as discussões
sobre a sustentabilidade do planeta e a mobilidade urbana nos grandes centros
urbanos. Todos estão em busca de soluções para essas duas questões emergentes
do modo de vida da sociedade contemporânea. São problemas imbricados e
alimentados pelo mesmo sistema capitalista que estimula o consumo de bens e
serviços.
Nesta grande arena de discussões,
muitas são as alternativas apontadas como solução ou elementos mitigadores para
a falta de mobilidade e para a promoção da sustentabilidade. Contudo, neste
cenário, existem vários lados e diversos agentes e entidades que defendem os seus
próprios interesses. Por esta razão, dificilmente, chegaremos a um consenso
isento de interesses individuais.
Enquanto não chegamos a uma solução relacionada
a esses temas capaz de contemplar a sociedade em escala macro, algumas pessoas
ou grupos de pessoas tentam, com mudança de atitude, contribuir para minimizar as
consequências da automação das ações cotidianas da sociedade contemporânea.
A carona solidária é uma dessas
atitudes pontuais que surgem como alternativa sustentável para o uso do
automóvel individual nas grandes cidades. A carona solidária, sem dúvida, traz
benefícios em cadeia, pois, considerando que a maioria dos veículos individuais
tem capacidade para cinco pessoas, ela pode tirar de circulação até quatro
carros individuais em um grupo de cinco pessoas que participem da carona. Pode
ainda disponibilizar vagas no transporte público.
Mas será que a cultura brasileira de
só levar-querer-evar-vantagem permitirá a prática da carona solidária com
equidade de benefícios para os participantes?
Há pelo menos dois modelos de carona
solidária. Um consiste na associação de um grupo com até cinco pessoas com
veículos próprios cujos itinerários sejam parecidos e que trabalhem, estudem ou
exerçam atividades na mesma instituição ou em outras próximas. Cada pessoa fica
com a obrigação de ir com seu carro e de dar carona às pessoas do grupo uma vez
em cada ciclo de cinco dias, ou seja, durante quatro dias, quatro pessoas deixarão
os seus carros em casa e irão e voltarão de carona.
O segundo modelo é semelhante ao
primeiro, porém apenas uma pessoa possui carro e as outras pessoas usariam o
transporte público caso não tivessem a carona. Nesse caso, salvo um acordo
prévio, a pessoa que tem o carro não teria obrigação de dar a carona às outras
pessoas, se não achasse conveniente.
No primeiro tipo de carona solidária
os benefícios individuais são bem equacionados entre os membros do grupo. Em
razão da lógica de funcionamento, não há necessidade de nenhum repasse
financeiro entre as pessoas para compensação de gasto. O ponto chave deve ser a
responsabilidade e comprometimento de todos do grupo.
Contudo, no segundo modelo, há muitos
pontos frágeis na lógica de funcionamento, pois todo gasto cairá sobre o membro
que possui o carro e esses gastos nem sempre são redistribuídos no grupo. No quesito
consumo de combustível e desgaste de componentes, os veículos se comportam de
forma variada, mas, geralmente, quanto mais ocupantes, maior é o consumo e o desgaste.
Entretanto, também não é muito fácil mensurar esses desgaste e consumo
provocado pela sobrecarga a mais ou a menos. Sendo assim, essa forma de carona
solidária é mais difícil de acontece e, quando acontece, não é muito
promissora, pois a equidade de benefícios não é proporcional entre os
participantes.
Há sempre alternativas em prol da
sustentabilidade do Planeta, a carona solidária é apenas uma delas. Independente
do modelo da carona, o importante é que cada participante saiba que todos devem
se beneficiar com a carona solidária de forma mais igualitária possível. Todos devem
fazer a sua parte, mas ninguém é obrigado a se sacrificar, sozinho, por um
problema que pertence a todos. Desse modo, a carona será realmente solidária e
não filantrópica.
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