segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A Reinvenção do Espaço Público

Créditos Autorais 
Texto e Imagem : Wilson Menezes
Estação da Lapa, Salvador


Um fato me chama a atenção quando passo à noite pela Estação da Lapa. Mas, antes de falar sobre este fato, gostaria de apresentar, rapidamente, esse importante espaço de circulação de pessoas da Cidade de Salvador.

A Estação da Lapa, na verdade, foi oficialmente batizada de Estação Clériston Andrade e está localizada em uma área central da cidade. É o maior terminal rodoviário de Salvador, cerca de 460 mil passageiros passam por ela todos os dias. Recebe mais de setenta linhas urbanas e cerca de vinte linhas metropolitanas. São 325 ônibus por hora com uma frota de 511 coletivos por dia.

A Lapa como um dos elementos do sistema de transporte público também sofre com os problemas de infraestrutura; funciona precariamente, penalizando os usuários que são em sua maioria trabalhadores, estudantes e pessoas de baixa renda. A estação também contribui com a geração de emprego e renda, seja pelo comércio informal dos vendedores ambulantes ou pelos estabelecimentos comerciais nelas instalados.  

Contudo, o que me chama a atenção é a capacidade que a população tem de reinventar os espaços públicos. Falo do point popular que surgiu em uma área de cerca de 300 m², dentro da Lapa nas proximidades do Shopping Piedade, em frente ao modulo polícia, no nível térreo da estação. Certamente, para algumas pessoas pode parecer coisa de povão, para outras uma alternativa para o happy hour.Tomar uma cerveja geladinha do isopor, saborear um tira-gosto enquanto o ônibus não chega ou, quem sabe, jogar aquela velha conversa fora com os colegas ou amigos da hora.   

Não tenho informação, mas acredito que o índice de violência deve ser baixíssimo, pois quando o espaço público é preenchido pela população, o lugar é humanizado de tal forma que se autorregula.

Um ambiente funcionalmente estruturado, ou melhor, mal estruturado para o transbordo de passageiros é revisitado pela criatividade popular e o que era passagem se torna parada. O que era apenas colunas e placas de concreto armado se transforma na armação concreta da interação social.

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