domingo, 11 de novembro de 2012

"Carrocentrismo", Um Estilo de Vida e Morte.

Créditos Autorais 
Texto: Wilson Menezes
Imagem: vidadepedestre



Na década de cinqüenta do século XX, a indústria automobilística brasileira põe os pneus na estrada do progresso nacional e se torna o ponto chave do desenvolvimento econômico nacional para o governo. Hoje, decorrido pouco mais de cinqüenta anos do início do processo de industrialização e das transformações das grandes cidades em consequência do novo modo de vida da sociedade, a mobilidade urbana se torna a grande questão a ser resolvida.

Sem saudosismo das cidades do início do século XX, quando ainda era possível caminhar no mesmo espaço onde transitavam os velhos carros de tração animal, antepassados dos atuais onipresentes automóveis individuais, o homem contemporâneo percebe que não consegue mais viver sem os automóveis individuais, mas também não sabe como não morrer com eles.

A consolidação do uso dos veículos automotores, sem dúvida, trouxe benefícios econômicos e até mesmo sociais, haja vista a geração de postos de trabalho para a população operária. Contudo, junto com falta de mobilidade urbana, a mega frota de automóveis é também responsável pelo excesso de mortalidade humana nas cidades, nas estradas, nas calçadas, em qualquer lugar onde essas máquinas de aço podem estar.
 
O pensamento dominante sobre as possíveis soluções para os problemas de mobilidade urbana esteve focado, nos últimos anos, nas grandes obras viárias nas quais deveriam ter obrigatoriamente os extensos viadutos como elementos fundamentais para a fluidez do trêfego dos automóveis. Mas isso está mudando, surgem grupos de pessoas que já anseiam outro modo de pensar a cidade sem as colossais estruturas de concreto. Um modelo que contemple, sobretudo, a qualidade de vida da população e mantenha a cidade viva.    

Certamente, essas pessoas não querem a extinção dos automóveis individuais nem a demolição das infraestruturas viárias construídas apoiadas no velho modelo carrocêntrico, mas, sim, o uso moderado e sustentável e que favoreça outros modais de transporte público eficiente nas novas intervenções viárias. O crescimento do uso dos veículos automotores se deve aos incentivos dos governos. Agora é o momento de serem incentivados os meios alternativos e sustentáveis de mobilidade.

As grandes cidades precisam de um modelo que pense a mobilidade humana de forma diversa, no qual o governo e o poder público priorizem todos os meios de deslocamento, sobretudo os não motorizados. Os governantes das cidades precisam entender que a população estará mais segura nos espaços públicos que concentrem mais seres humanos e menos máquinas. A Cidade é viva e necessita de vidas circulando por suas ruas e de solo permeável onde possa brotar novas vidas todos os dias.        

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